Setembro Amarelo: falar é a melhor solução
Convidamos um membro do nosso time a falar sobre depressão e como é importante conversar sobre a doença.
Importância do Setembro Amarelo
Dia 10 de setembro é o dia mundial de conscientização e prevenção ao suicídio, por conta disso Associações médicas organizam campanhas como o Setembro Amarelo que visa promover eventos que abram espaço para debates sobre suicídio e informar sobre a importância do tema e cuidados com pessoas em situação de risco.
O debate sobre o assunto não se limita apenas às instituições de saúde, pois a depressão é um problema social a qual todos estamos sujeitos. Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que cerca de 800 mil pessoas no mundo morrem todo ano por suicídio, só no Brasil 32 pessoas por dia cometem suicídio. Ainda segundo o estudo, o suicídio é a segunda maior causa de morte das pessoas entre 15 e 29 anos.
Os números mostram que, sim, é muito necessário conscientizar as pessoas sobre a depressão e outros transtornos que levam ao suicídio e o Setembro Amarelo vem tendo boa participação nessa causa. Por mais clichê que possa soar, a vida é única e a gente deveria cuidar para que as pessoas possam aproveitar da melhor forma as suas.
Depressão no ambiente de trabalho, por: Vinicius Reis
Passamos boa parte da nossa semana (e da nossa vida) no trabalho. Seja qual for a sua jornada e função, alguma vez você já esteve estressado com o ambiente da sua empresa. Seja por cobranças,clientes, colegas, problemas mal solucionados, comunicação,o fato é que o trabalho consome boa parte da nossa energia o que, em muitas vezes, pode causar ansiedade e outros transtornos psicológicos.
Aqui na Configr nos preocupamos com nossos colaboradores, buscamos sempre deixá-los à vontade e incentivar o diálogo para que se sintam confortáveis em compartilhar algum problema que possam ter. Aproveitamos o Setembro Amarelo para propor à equipe que se alguém tivesse vontade de compartilhar uma mensagem sobre a depressão seria publicado nas redes sociais da Configr.
O Vini, que faz parte do time de atendimento da Configr e cursa faculdade de Psicologia topou falar um pouco sobre depressão, uma das maiores causadoras de suicídio. No seu texto ele conta sobre sua vivência em ambiente de trabalho exaustivo e como a depressão pode afetar o trabalhador, podendo até fazer com que ele se afaste do trabalho.
Vinicius começa sua carta dizendo que “a depressão é uma das maiores causas de abandono de emprego” e como isso é muito preocupante. Para ele, em razão de “estarmos vivendo na época da hiperconectividade e recebendo milhares de informações simultaneamente, causam uma grande carga mental que, somada à rotina do trabalho, resulta em um baita estresse”.
Em 2016, após concluir o Ensino Médio, o Vini conseguiu um emprego em uma oficina mecânica, onde no início “tudo era legal, o ambiente, as pessoas e, principalmente, o salário”. Porém, em pouco menos de 6 meses na empresa, sem que tivesse percebido, a rotina do trabalho estava deixando-o “cansado e triste”. Foi então que Vinicius começou a ter sintomas de ansiedade, ia trabalhar sem vontade e passava o dia olhando para o relógio esperando a hora de voltar pra casa.
“Com 8 meses na oficina eu não conseguia mais disfarçar que estava mal, minha família perguntava o que estava acontecendo comigo” conta Vinicius. Ele comenta que, de início, relutou em assumir que estava mal, para todos que perguntavam como ele estava a resposta era padrão: “estou bem!”
Contudo, ele não deixou ser tarde demais para assumir que não estava bem e necessitava de ajuda. Contou a situação à família que logo o levou a sessões de terapia as quais, em alguns meses, resultaram em uma melhora significativa. Com o fim do contrato na oficina mecânica, Vinicius saiu do trabalho e prometeu para si mesmo que nunca mais trabalharia em ambientes tóxicos como aquele. Nem mesmo com o melhor dos salários”.
Segundo sua experiência, concluiu que, por mais importante que seja, o dinheiro não pode estar acima da saúde. Logicamente a gente precisa buscar bons empregos e salários, afinal, como bem disse o Vinicius “trabalhamos duro para chegarmos em casa, sentar no sofá, ligar a TV e assistir sem preocupações aquela série na Netflix”. Mas a pressão para conseguir todas essas coisas não pode ser maior que a conquista do bem-estar, pois para alcançá-las é necessário muito esforço físico e, principalmente, mental. Sem saúde mental, sem ter com quem conversar, pessoas que se preocupem com você, acaba que as duas medidas entram em desequilíbrio: trabalha-se demais para conquistar uma “vida boa”, que se deixa de aproveitar a tal da parte boa. É um ciclo vicioso.
Sua convivência com “os meninos do TI”
O Vini entrou pro time da Configr em 2018 e durante seu tempo aqui na empresa ele observou vários comportamentos dos “meninos do TI”. Ele os descreve como “pessoas que não conversam muito e dizem que lidam melhor com um computador do que com pessoas. São introvertidas e muitas das vezes são pessoas ansiosas e tímidas”.
Os profissionais da área de TI estão a todo momento exercendo atividades que exigem grande concentração, isso gera um grande cansaço mental. No seu texto Vinícius cita como exemplos os programadores, em suas palavras os “eles estão sempre estudando muito, é uma rotina cansativa, precisam seguir cronogramas e prestar bastante atenção nas milhares linhas de códigos que escrevem”.
Como o Vini diz, muitos profissionais da área de TI são introvertidos e “se não forem abertos a procurar e receber ajuda podem desenvolver ansiedade e, no pior dos casos, depressão”. Para muitos não deve ser fácil externalizar seus problemas aos colegas, por acreditarem que problemas de trabalho se resolve trabalhando, mas não é assim. É necessário que consigam conversar com pessoas próximas e se abrirem sobre o que estão passando.
Trabalhar em um bom ambiente não elimina o risco da depressão
Campanhas como o Setembro Amarelo ajudam demais na conscientização do debate sobre a depressão. Mas não é porque a campanha leva o nome de um mês que todo o cuidado com pessoas que sofrem da doença deva ser apenas uma vez no ano. É um trabalho diário de relembrarmos a quem é próximo de que ele não está sozinho e pode contar conosco.
Às empresas, por mais “legais de se trabalhar” que sejam é necessário que os departamentos de RH estejam sempre atentos a seus funcionários. Pois mesmo em ambientes 100% “atóxicos”, ainda é possível que algum colaborador desenvolva depressão.
Vinicius termina seu texto com um recado a quem possa ter se identificado com sua história: “saiba que você não está sozinho(a) e que ter depressão não é o fim do mundo. Procurar ajuda não é vergonha alguma, todos precisamos nos consultar com um profissional para que ele possa nos passar um diagnóstico que, sozinhos, somos incapazes de saber. Você pode sempre contar com seus amigos e família. Você é Forte!”
A íntegra do texto do Vini foi postado por ele em sua página pessoal no Linkedin e você pode acessá-la clicando aqui.
Como vai você?
Dissemos ao longo do artigo que você não está sozinho. E não está mesmo!
O CVV - Centro de Valorização da Vida é um canal no qual é realizado apoio emocional e prevenção ao suicídio, atendendo de forma voluntária e gratuita todas as pessoas que querem conversar. Tudo sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Você também pode ligar no número 188 ou se preferir mandar e-mail.